O meu encantamento pelos vistosos e atraentes “LENÇOS DOS NAMORADOS” ou “ESCRITAS À MODA ANTIGA” de VILA VERDE dão a conhecer uma tradição cultural bem portuguesa que conquista qualquer coração.
No final do século XVIII, inícios do século XIX, eram frequentes as romarias. Homens e mulheres encontravam-se e dançavam noite dentro ao som das concertinas. Era frequente as relações amorosas começarem nesses locais. As jovens em idade “casadoira” suspiravam por essas noites durante dias a fio. Sentadas à lareira, bordavam as lindas QUADRAS DE AMOR nos seus lenços. Na noite de romaria, entregavam o lenço ao amado, com as palavras bordadas com o palpitar do coração e o engenho da agulha. Se o homem correspondesse ao sentimento, usava o lenço ao peito, aos ombros ou até num cajado que era comum trazer. E assim começava um namoro, uma história de amor.
Mas também as desilusões aconteciam: o amor podia não ser correspondido, pelo que o jovem devolvia o lenço e a menina regressava a casa, chorosa pela paixão não ter tido o fim que ambicionava.
Pela altura em que surgiram os LENÇOS DOS NAMORADOS, a maioria das mulheres não frequentava a escola. Por isso, eram raras as que sabiam ler e escrever, o que justifica os erros ortográficos, quase sempre com letra que parece infantil.
Os desenhos ou símbolos mais frequentes são os barcos, os pássaros, os corações e os motivos florais extremamente coloridos, tendo como temas ou mensagens mais recorrentes a AMIZADE e o AMOR.
A arte de namorar sempre teve diferentes representações e os LENÇOS DOS NAMORADOS foi um dos produtos artesanais portugueses que subsistiram até aos dias de hoje, homenageando e transmitindo um conjunto de valores com história, cultura, arte e tradição.