Lisboa tem reunido todas as condições para se afirmar como capital europeia de eventos com alma.
Mas o Porto já não lhe fica atrás e, na verdade, o potencial estende-se a todo o território: palácios, quintas históricas, aldeias-museu, mosteiros e fortalezas que, com sensibilidade e tecnologia discreta, podem acolher momentos artísticos e eventos corporativos de grande qualidade estética e emocional.
Trata-se, acima de tudo, de contar histórias. E Portugal tem muitas para contar.
- quando o evento se torna património vivo -
Portugal é, há muito, um país com vocação para o acolhimento. Combinamos uma herança cultural rica com uma capacidade natural para fazer sentir em casa quem nos visita. É assim o mote do fado mais conhecido de todos os tempos: Uma Casa Portuguesa, celebrizado pela Amália. Mas no século XXI, isso já não chega. A hospitalidade, por si só, precisa de um novo idioma — mais emocional, mais surpreendente, mais envolvente.É aí que entram a arte e a performance.
O que faz um evento tornar-se memorável?
Num congresso, num encontro institucional ou num jantar de gala, há sempre um momento em que tudo pode transformar-se: quando se ativa a memória emocional. Isso acontece quando o programa deixa de ser apenas funcional e passa a ser sensorial. A luz muda, ouve-se uma melodia inesperada, irrompe uma dança, um texto poético, uma imagem projetada — e de repente aquele lugar torna-se único, irrepetível. É isso que fica.
Portugal tem vindo a afirmar-se como destino de excelência para eventos internacionais, mas temos agora a oportunidade — e o dever — de o fazer de forma distintiva: não apenas como cenário, mas como palco vivo. Cada monumento, cada praça, cada claustro pode ser ativado artisticamente com respeito, sobriedade e criatividade.
- quando o património acolhe a contemporaneidade -
Um dos desafios mais estimulantes para quem trabalha com performance artística é integrar a contemporaneidade num espaço histórico. Não se trata de “decorar” o monumento, mas de o fazer respirar. Quando um quarteto de cordas toca num antigo convento, quando uma dança aérea se ergue num claustro iluminado, ou quando a palavra dita ecoa numa nave de pedra secular, o espaço ganha outra vida — e quem o habita por instantes sente que está a viver algo maior.
É esta ligação subtil entre o passado e o presente que pode fazer com que um evento em Portugal não seja apenas bem organizado, mas profundamente marcante.
- arte como elemento diferenciador nos eventos corporativos –
As marcas procuram hoje mais do que notoriedade: procuram significado. Um evento de marca num local icónico, com uma componente artística feita à medida, gera mais impacto do que qualquer campanha publicitária convencional. Os convidados fotografam, partilham, comentam. A emoção torna-se conteúdo e o conteúdo torna-se memória.
É por isso que falamos cada vez mais em turismo criativo e cultural — porque o visitante já não quer apenas ver: quer sentir, participar, guardar.
Partilhar Património e Identidade
- celebrar o passado e projetar o futuro -
Num tempo em que a diferenciação é um imperativo estratégico, não basta sermos eficientes, tecnológicos ou sustentáveis — é preciso sermos autênticos. E não há autenticidade sem história, nem história sem património. Mas o património, por si só, também não basta: precisa de ser vivido, interpretado, partilhado, recriado. É nesse movimento de ativação que reside a verdadeira força transformadora do património no contexto do turismo, da cultura e dos eventos.
Se não formos nós a contar a nossa própria história, outros contarão por nós. E provavelmente contarão mal.
Divulgar e dinamizar o património não deve ser um gesto de ocasião, mas uma estratégia de identidade e permanência. Um monumento vazio, por mais belo que seja, tende a fossilizar-se. Um monumento habitado pela arte, pela palavra, pelo gesto contemporâneo, reencontra pertinência e adquire futuro.
Na IMAGIN’ART temos procurado escutar cada lugar antes de intervir: uma instalação sonora num mosteiro, uma performance num palácio, um concerto itinerante num centro histórico, uma dança aérea num claustro — são formas de reinscrever o património na contemporaneidade, sem o desvirtuar. Quando um edifício histórico se transforma em palco regular de experiências artísticas, passa de “ponto de passagem” a “destino de escolha”.
E isso muda tudo.
É essencial, claro, que esta dinâmica seja feita com responsabilidade, envolvendo entidades locais, respeitando a especificidade de cada espaço e equilibrando criação artística com conservação patrimonial. A cultura não pode ser intrusa — mas também não deve ser convidada tímida. Deve ser parceira.
O património tem a capacidade rara de nos lembrar quem fomos, enquanto nos projeta para o que podemos ser. Numa era de ruído e velocidade, os lugares com história são âncoras de sentido. Divulgar e dinamizar o património é, por isso, um ato de futuro.
O Palco Invísivel
- arte e performance como diferencial no turismo e nos eventos -
Num tempo em que o turismo se reinventa e os eventos competem por atenção num mercado global, há um fator imaterial, mas absolutamente decisivo, que transforma experiências em memórias: a arte. Não apenas a arte que se pendura em galerias ou se escuta em salas de concerto — mas a que emerge viva, pulsante, inesperada, no momento certo. A performance artística como linguagem universal, como ponto de encontro entre culturas, emoções e identidades.
No universo do turismo e dos eventos há muito se percebeu que não basta impressionar os olhos — é preciso tocar a alma.
A arte, seja através da música, da dança, do teatro, da imagem ou de formas híbridas e contemporâneas de expressão, tem a capacidade singular de envolver públicos distintos, valorizar patrimónios e elevar experiências. Um jantar de gala torna-se inesquecível com um interlúdio lírico inesperado. Um congresso médico, por mais técnico que seja, adquire uma outra dimensão com uma performance visual que reflita a temática do evento. O que era apenas logístico, torna-se simbólico. O que era apenas funcional, torna-se memorável.
No cruzamento entre performance e contexto reside uma força transformadora que há muito se revela essencial na programação de eventos de qualidade. Em colaboração com agências DMC, hotéis, promotores de congressos e entidades públicas, têm-se desenvolvido experiências artísticas sob medida, integradas de forma orgânica em ambientes corporativos, turísticos e institucionais. A ideia não é apenas entreter — é criar significado.
Do som e da luz à performance em palco, da instalação artística ao video mapping, da música erudita à arte urbana, a criatividade assume-se como linguagem de hospitalidade e comunicação estratégica.
Em eventos de referência a integração de momentos performativos tem contribuído para elevar a narrativa de cada encontro, promovendo a diferenciação e o envolvimento emocional dos participantes.
Neste momento em que o turismo se vira cada vez mais para a diferenciação e a sustentabilidade, a cultura e a arte afirmam-se como trunfos estratégicos, não como ornamentos. Investir na performance artística é investir na identidade do destino, na qualidade da experiência e, acima de tudo, na criação de valor humano.
Os eventos não se limitam a acontecer — contam histórias. E serão sempre essas histórias, vividas com intensidade e autenticidade, que o visitante levará consigo. Porque, no fim de contas, é disso que se trata o turismo: de uma viagem ao coração do outro.
Vamos criar juntos?
Cena . Corpo . Arte Performance
Etimologicamente, a palavra “performance” vem do francês antigo parformance, e, em última análise, do latim. Significa “dar forma” ou “fazer”. E é isso mesmo que procuramos fazer quando subimos a um palco, ocupamos um espaço ou atravessamos um lugar com o corpo, a voz e a emoção.
A arte performativa não se limita a entreter — ela comunica, questiona, transforma. É linguagem artística, mas também ferramenta de mediação cultural, de valorização simbólica, de conexão humana.
Na IMAGIN’ART temos experimentado essa força em muitos contextos: espetáculos site-specific, intervenções em património, performances urbanas e, principalmente, experiências sensoriais em eventos institucionais. Em todos eles, a performance é mais do que um momento estético — é um modo de habitar o espaço e de convocar o público para um diálogo, para uma escuta mais profunda, para um olhar mais atento.
Num país com tanto património, tanta história e tanta criatividade, a arte performativa pode (e deve) ser um elo fundamental entre passado e presente, tradição e inovação. Seja num teatro, num claustro ou numa praça pública, a performance tem o poder de criar experiências memoráveis, emocionais e identitárias.
É através da cena, do corpo e do gesto que muitas vezes se contam as histórias que não cabem nos livros, que se despertam consciências e que se criam pertenças.
Em tempos de excesso de estímulos e distrações, talvez o que mais precisamos seja precisamente isto: momentos vivos, intensos e autênticos. Performance, no fundo.
Miguel Oliveira
Diretor Artístico da IMAGIN’ART – Performing Arts
Com mais de duas décadas de experiência no setor dos eventos artísticos perfomativos e artes visuais, colabora com marcas, instituições e agências em Portugal e no estrangeiro, merecendo destaque algumas das suas reflexões pessoais e profissionais sobre o papel da arte e da performance no contexto dos eventos e do turismo.



























